segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Festival Breves Cenas de Teatro

A Cia de Teatro e Dança Pós- Contemporânea d'Improvizzo Gang está muito feliz, por participar da quarta edição do Festival Breves Cenas de Teatro, em Manaus, idealizado e produzido pela Cia. Cacos de Teatro, com o espetáculo Berceuse, em março de 2012. O festival conta com a participação de companhias teatrais de dez estados do país e acontecerá de 21 a 25 de março, no Teatro Amazonas.
Berceuse, em cartaz há sete anos, é baseada no texto Lullaby de Samuel Beckett, com versão de Paulo Michelotto. O grupo assina a criação e encenação, numa performance de Pollyanna Monteiro.


http://brevescenas.com.br



sábado, 17 de dezembro de 2011

Crítica sobre Ophélia/ Wellington Júnior

Uma fé inabalável na quintessência do pó

Hoje no dia de Ceça falarei sobre o espetáculo Ophélia da Cia. de Teatro e Dança Pós-contemporânea d´Improviso Gang que se apresentou na excelente programação da V Mostra Capiba de Teatro. E hoje decidi colocar os dez mandamentos para assistirmos e analisarmos o espetáculo dessa encantadora companhia.

1. SER HUMANO. Perguntaram-me uma vez se eu preferia o teatro ou um ser humano. Eu respondi que escolheria o humano, mas em sua melhor tradução – no teatro, nas artes. A obra de arte consegue ver o ser humano em suas diversas traduções. O trabalho de Paulo Michelotto e Pollyanna Monteiro compreende o humano e amplia os sentidos de transformação.
2. SER TEATRO. A dramaturgia fantástica do espetáculo é puramente e simplesmente teatro. Pois concentra seu desejo de ação no maior fenômeno – o encontro.
3. SER VIVO. A construção da atuação de Pollyanna é através da presentificação do jogo. Um sistema de ator engrenado a partir do grau zero da escrita cênica – apenas e belamente estar ali em jogo.
4. SER POESIA. A escrita espetacular é plena de imagens poéticas, de diálogos com o vazio como um hai-kai. A Cia. elabora uma encenação performativa que nos faz entrar na alma da teatralidade. Cada elemento é muito bem cuidado. A iluminação de Cleison Ramos é de uma sensibilidade perfeita.

5. SER ENCONTROS. O espectador é o elemento central desse trabalho, pois é ele que constrói as relações do hoje na encenação, informando sempre que estamos ali num grande ritual sobre nós mesmos.
6. SER EXPLOSÃO. O espetáculo explode o texto do Shakespeare e mostra o que esse fantástico autor sempre desejou escrever. Comparo essa dramaturgia michelottiana com a dramaturgia de João Denys em Encruzilhada Hamlet e percebo que as duas excelentes construções conseguem ampliar e aprofundar o diálogo entre as ações do texto shakespereano e a cena contemporânea – através de uma proposta performativa. Pois as duas são pura explosão - atentados poéticos.
7. SER PERIFÉRICO. O olhar da montagem é um pensamento sobre os seres periféricos e suas construções estéticas. Assumidamente estamos na vassalagem. E a forma é também periférica – pois não quer produzir uma verdade e sim tensionar desejos.
8. SER AMOR. É um trabalho apaixonante. "O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação" (Shakespeare). A imagem em ação nos faz apaixonados nessa montagem. "Faço discretamente coisas loucas; sou a única testemunha da minha loucura. O que o amor descobre em mim, é a energia. Tudo que faço tem um sentido (posso então viver, sem me queixar), mas esse sentido é uma finalidade inatingível: é somente o sentido da minha força"(Roland Barthes).
9. SER MICHELOTTO. Não posso deixar de assumir aqui a profunda admiração que tenho pelo grande homem de teatro – Paulo Michelotto. Ele é um transformador, um inquieto, um ariano. E esse espetáculo é um casamento perfeito.
10. SER EU/SER PÓ. Esse texto sou eu. Um apaixonado pelo humano e pelo pó. Sou assim sempre querendo ver muitos teatros; e estar sempre feliz e surpreso com cada gesto no teatro. Pois a crítica é o pó. Nós somos o pó. Um beijo. Cada coisa que fazemos é plena de vazio e desejo. E aqui me despeço dizendo:
qui est là.
07 de dezembro de 2011
Por Wellington Júnior

Crítica sobre Ophélia/ Pollyanna Diniz

De: Pollyanna / Para: Ophélia

Querida Ophélia,

Foi tão bom encontrá-la na última semana na V Mostra Capiba de Teatro! O público ficou encantado com a atuação segura e ao mesmo tempo delicada de Pollyanna Monteiro. Trazer ao primeiro plano a sua história, dizer o que ela – e o que nós – pensamos e traçar uma relação tão íntima e sem atropelos com o texto de William Shakespeare é uma descoberta. De que existem maneiras de recontar os clássicos sem a sisudez dos "grandes" atores e diretores. De que dá para ser um "galo de campina" como Paulo Michelotto, diretor, conseguindo dar leveza, mas ao mesmo tempo sustentação, para um trabalho que agarra a plateia pela simplicidade e pouca pretensão.
É bem verdade que existem muitos pontos de fuga na sua dramaturgia – e isso nem é um defeito, já que os atores da Cia de Teatro e Dança Pós-Contemporânea d' Improvizzo Gang estão bem acostumados a lidar com o imponderável. A participação do público, embora eu ache que isso possa se tornar mais natural ainda à montagem, é um desses elos com o inesperado. Vai que o príncipe não aceita ser príncipe? Não teria o menor problema, tenho certeza. Você logo conseguiria outro. Eram muitas pessoas na plateia que podiam também ocupar os papéis de rei, rainha, coveiro.
De maneira muito informal, a dramaturgia nos alcança, vai nos tomando aos pouquinhos; é forte, profunda. A conversa que você trava com o coveiro e a capacidade de passear tão tranquilamente entre esses personagens, já que a participação do rapazinho de cabelos cacheados ficou restrita à ótima dublagem, são pontos fortes na sua história. Também há intrigas, relacionamentos perdidos, mas há bem mais o encontro com o que se é de verdade, com a realidade que nos cerca, com a dimensão que tomamos de nós mesmos.
A iluminação desenhada por Cleisson Ramos dá os contornos da sua trajetória. E como é lírica a forma como o espetáculo começa. Contando exatamente o seu fim, embora isso nem de longe signifique que a esperança para você acabou. O silêncio é temporário.
Dê um beijo por mim em Pollyanna Monteiro, mesmo nome, mesma terra e, quem sabe se tivermos mais um tempinho juntas, descobrimos até parentes em comum. Mande minhas saudações ao diretor Paulo Michelotto. É ótimo ver a sua irreverência e a maneira com que quebra as regras no palco e constrói as suas próprias, para depois tornar a quebrá-las.
Espero reencontrá-la em breve,

07 de dezembro de 2011
Por Pollyanna Diniz

Crítica sobre Ophélia/ Bruno Siqueira

A poesia e a graça de Ophélia

Fazia muito tempo que não me envolvia tanto com um espetáculo recifense como ocorreu em Ophélia, da Cia. de teatro e dança pós-contemporânea d’Improvizzo Gang, apresentado na V Mostra Capiba de Teatro nesta quarta-feira. Paulo Michelotto, que assina a dramaturgia, o design de cena, corpo, voz, maquiagem e a trilha musical, é, por acaso, meu colega de departamento no curso de Licenciatura em Teatro, da UFPE. Meu colega, meu próximo. Como não tinha antes parado para olhar com mais atenção seu trabalho artístico, Michelotto? Perdoe-me o delay.
Ophélia é um espetáculo que firma suas raízes na nossa contemporaneidade. A começar pela dramaturgia. O tão montado, citado e copiado Hamlet, do canônico William Shakespeare, serviu de inspiração ao dramaturgo, particularmente a personagem Ofélia.
A narrativa, em off, cita um trecho da fala da Rainha, quando relata a morte por afogamento da personagem Ofélia. O espectador adentra ainda mais na atmosfera poética da cena. É no final dessa narrativa que vai surgindo Ofélia, lânguida, vaporosa e belamente interpretada por Pollyanna Monteiro, a qual atravessa o espaço do público cantando uma canção num fio de voz, quase sofejante. O espaço do teatro Capiba se encontra tomado por uma fumaça perfumada. Sem bem o perceber, o espectador já está imerso na própria cena. 
O texto de Michelotto tem três páginas e os 60 minutos do espetáculo são compostos de muita improvisação a partir da matriz. Pollyanna Monteiro irradia beleza e jovialidade na sua personagem. Além disso, demonstra um domínio da cena e do público como poucos atores que tentam empreender esse gênero de teatro. O plateia fica nas suas mãos, de forma que assente em participar do espetáculo sempre que por ela é solicitada.
Michelotto se relaciona com o texto de Shakespeare pelo viés da paródia. Toda a performatividade da atriz se estabelece pelo diálogo entre a poesia shakespeareana e o discurso prosaico e crítico da contemporaneidade, o que nos permite ver com clareza como encenador e atriz leem o mito a partir do nosso olhar histórico.
O conceito da encenação se centra na juventude que emana da personagem-título. A juventude que é bela, que está perdida num caos político, que é frágil, que é ousada, que é fugaz... que é fugaz... que é fugaz...No entanto, a cena não mergulha na melancolia. Pelo contrário, celebra a juventude de forma poética e bem humorada. Bastante humorada.
Aliás, o mérito maior de Michelotto foi não se fechar na tragicidade do drama shakespeareano ou expressar uma suposta seriedade que a tradição imputa a Shakespeare. O dramaturgo/encenador soube dosar aspectos dramáticos com aspectos cômicos, este, sim, um procedimento muito mais próximo do teatro de Shakespeare. A sensação que ficou para mim é que o espetáculo Ophélia me aproximou muito mais do bardo inglês do que outros espetáculos que partiram de seus textos.
Teatro como arte, teatro como celebração, teatro como um compartilhar de experiência, teatro como poesia, teatro como espaço para discussões. Eis os qualificativos que identifico no trabalho da Cia. de teatro e dança pós-contemporânea d’Improvizzo Gang. Parabéns ao grupo!
07 de dezembro de 2011
Por Bruno Siqueira

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ophélia na V Mostra Capiba de Teatro

Venha conhecer a versão de Ophélia para tudo o que aconteceu no Reino da Dinamarca.
A Cia. Teatro e Dança Pós- Contemporânea assina essa montagem, com texto de William Shakespeare, Paulo Michelotto e Pollyanna Monteiro, já há quatro anos em cartaz.
Ophélia, em única apresentação, na V Mostra Capiba de Teatro, no Sesc Casa Amarela, quarta- feira, 07 de dezembro, às 20h. Os ingressos estão por R$10,00 e R$5,00.
"Se o homem não sabe o que ele deixa ao partir, que diferença faz o instante que ele parte?"


Tradução